Em homenagem ao dia dos namorados, eu participei do livro "1206" no Widbook, um livro completamente colaborativo. Resolvi publicar o meu conto romântico aqui, para que vocês possam ler também. Espero que gostem! Feliz dia dos Namorados.
AS SETE FASES DO AMOR
Por Leonardo Medeiros
AS SETE FASES DO AMOR
Por Leonardo Medeiros
"Amor",
uma palavra forte que certamente emociona a maioria das pessoas, mas
não tem esse efeito em mim, estou cheio de toda essa melação. Meu
nome é Eros e eu odeio o amor. Você deve estar achando que eu sou
algum tipo de monstro, mas eu juro que não sou, pelo menos eu não
me vejo assim. É que o amor é... Digamos que o amor é um negócio
arriscado. A primeira fase é a que eu chamo de "fase do
perfume".
Olhem para aqueles dois, sentados naquele banco de praça esperando o próximo ônibus passar. Ele se chama Roberto e ela Alice, um casal bem bonito se posso dizer. Ele com todo esse ar de inteligente e ela com esses olhos joviais. Perceba que eles estão na primeira fase de toda a relação, a parte que pode ser comparada a sensação de sentir pela primeira vez o perfume de uma bela rosa. Não é animador? Saber que o aroma e a imagem parecem se complementar? Uma rosa tão linda, com um aroma tão lindo... O que poderia dar errado? É assim que a maioria dos relacionamentos começa. Você olha para a moça ou para o rapaz, ela ou ele olha para você, vocês suspiram e um pede o outro em namoro, os dois aceitam. Rosas cheiras bem e rosas são belas.
É até fofo imaginar a quantidade de pessoas ingênuas que realmente acreditam que relacionamentos podem ficar no "amor a primeira vista" para sempre, mas as coisas mudam! E como elas mudam? Não sou nenhum cartomante, mas posso ver nas estrelas que relacionamentos não ficam na primeira fase por muito tempo, logo elas seguem para a fase dois "fase das axilas".
Eca! Esse é você de verdade? Que tipo de pessoa você é? Você já parou para analisar a sua própria axila? Um lugar escuro e sombrio, muitas vezes mal cheiroso, que você nem sempre tem o orgulho de mostrar? Bem, a segunda fase de qualquer relacionamento é comparável a sua axila. Na verdade, a pobre parte do seu corpo é mal interpretada, assim como as suas atitudes. Axilas são gordinhas e não fazem mal a ninguém, mas se você se descuidar... Pimba! Você vira um porcalhão ou uma porcalhona em dois segundos. Muitos dos relacionamentos acabam nessa fase, descobrir que o seu parceiro ou parceira não é um personagem literário perfeito pode destruir qualquer chance de amor duradouro. Olhem para Alice e Roberto, eles sobreviveram a esta fase com louvor. Alice tem a mania bem feia de falar palavrões como vírgulas e Roberto esqueceu de escovar os dentes depois do trabalho. Ele riu dos palavrões e ela limpou o dente da frente dele com um lenço. Tenho que admitir, surpreendente.
Gostaria de perceber que a fase três é uma frase bem engraçada, gosto de chamar de "fase do presente", preparem-se para sentir pena. Alice acabou de dar um livro sobre um casal que se ama, mas tem câncer, para Roberto. Este se empenhou em demonstrar sua gratidão com sorriso amarelo. Não há nada no mundo que Roberto odeie mais do que livros sobre casais impossíveis, porém ele balançou a poeira e arregaçou as suas mangas, certo de que Alice ia amar o seu presente. Alice recebeu de presente uma bela torradeira elétrica, Roberto nunca pareceu tão certo de que este seria o melhor presente. Alice odeia serviços domésticos e principalmente ganhar coisas que são para a casa dela e não para ela. Grande bola fora do Roberto, mas Alice sustentou um sorriso doce e deu-lhe um abraço de agradecimento. Se um casal passa pela fase dos presentes, ele tem grandes chances de passar mais algum tempo juntos. Entenda que dar presentes para alguém é mais do que tentar adivinhar o gosto de uma outra pessoa, mas também tentar imaginar qual será a reação da mesma quando você o entregar. Será que vai amar? Será que vai entender que foi com carinho e com a melhor das intenções? Relacionamentos fúteis geralmente acabam nesta fase, porém Alice estava com sorte, ou Roberto era o sortudo, os dois gargalharam no fim da noite e disseram que deviam trocar de presentes. Alice estava louca para ler o tal livro e Roberto adorava torradas.
Se você está preocupado com o seu relacionamento lendo tudo isso, ou feliz por ter uma relação parecia com a deles, não fique assim... Você ainda não viu nada! A quarta fase, mais conhecida como "fase do primeiro encontro com a família", vai testar todos os seus nervos. É aniversário de alguém da família de Alice, que tem mil tios e cerca de dez mil primos, não literalmente, mas quase isso. Roberto é filho único, daqueles que tem atenção dos pais e pirulitos quando chora, mas a família de Alice é sem frescuras. Perguntas vergonhosas, tios bêbados, primos com quem ela já ficou, tudo esquisito demais para Roberto que comeu churrasco o dia inteiro ouvindo pagode. Alice sabia que conhecer a sua sogra seria difícil, um enorme apartamento no alto de um enorme prédio, tudo sério e cinza demais. Usou o seu vestido florido, levou rosas, colocou sua presilha favorita e sorriu. O assunto do dia foi o camarão que todos comeram, Alice nunca imaginou cozinhar aquelas criaturas com aquele tipo de molho, nem sabia como começar a mexer em seu prato, mas fez piadas sobre frutos do mar e devorou tudo ao som do jornal da televisão. Roberto acabou descobrindo que Alice e um primeiro bem mais bonito do que ele já haviam ficado, o que o fez ficar decepcionado com sua aparência por semanas. A sogra de a Alice a fez sentir burra por não saber nada sobre a Primavera Árabe ou a cotação do dólar, ela se sentiu mal por não ter feito faculdade por um bom tempo. O relacionamento esfriou, mas eles mantiveram tudo bem firme, com o tempo ele a fez sentir inteligente, pois ela sabia tudo sobre futebol e novelas. Ela o fez sentir bonito quando elogiou seus novos óculos e o corte de cabelo, até disse que ele era o homem mais bonito para ela.
Viu? O amor é terrível! Deixa as pessoas completamente "abestalhadas" e "dispostas a mudar", não é um horror? A fase cinco é a bem intensa, muitos casais nem chegam a entender como ela funciona. "Fase do desapego" é o melhor nome para algo deste tipo. Sabe quando você compra aquele computador novo? Cheio de novas possibilidades, botões, memória e tudo de mais incrível que você possa pedir em uma máquina? Esse é o seu relacionamento lá na primeira fase. Agora imagine este mesmo computador, só que dois meses depois. Ele é ótimo, quer dizer, ainda é uma máquina legal. Você está sendo utilizando ele, da mesma forma que utilizava antes, tem ainda enorme apreço pelo cara, por que afinal de contas ele é seu companheiro do dia-a-dia, mas... Você ainda dá a mesma importância que dava quando o comprou? Tipo, você ainda tem cuidado ao comer biscoitos em cima do teclado? Ou lembra de desligá-lo antes de ir dormir? Não? Meu amigo, você está na fase do desapego. No relacionamento não é muito diferente, você conhece aquela garota perfeita, ou aquele cara que todas paqueram, daí você começa a namorar e se acha incrível por isso. Depois de um tempo, aquela conquista ainda é maravilhosa aos seus olhos, mas já é sua, é uma conquista antiga, você não precisa mais adorá-la como a uma deus grego antigo, não é? Errado. Muitos relacionamentos terminam por que as pessoas confundem a falta de "amor a primeira vista" com a falta de "amor". Entendam, só por que Roberto não liga mais trinta vezes por dia para ela, ou Alice aparece menos de surpresa no escritório dele, não quer dizer que o amor esteja acabando, só quer dizer que eles dois estão evoluindo o bastante para adorar a companhia um do outro, sem pressa e sem pressão. Correr atrás de algo que não se tem é tão normal quanto descansar quando alcança o seu objetivo, desde que não se esqueça de que o seu objetivo neste caso é um ser humano e ele ainda precisa do seu afeto esporadicamente. A maioria das pessoas desiste mais ou menos aqui, por não sentir mais o amor vindo em sua direção por todos os lados, estas pessoas sofrem muito.
A "fase do osso" é a sexta e penúltima fase de uma relação. Roberto sabe que o Fluminense é o melhor time do Rio de Janeiro, ele não vai mudar de ideia só por que Alice diz que o Flamengo tem melhores chances de vencer o campeonato. Roberto também sabe que o autor favorito de Alice é horrível no que escreve, mas Alice acha que o jornalista que dirigiu o documentário que ele assiste sempre só fala besteiras. Roberto gosta muito da sala em um tom de azul, enquanto Alice prefere deixar branco. Alice quer ter meninos, Roberto quer ter meninas, Alice quer ser mãe depois dois trinta, Roberto quer ter filhos agora, Alice SIM, Roberto Não, Alice no Alto, Roberto no Baixo. Sabe quando você acidentalmente deixa o seu chinelo favorito cair próximo ao seu cachorro? Então, você quer muito que ele solte aquele chinelo, mas ele quer a mesma coisa de você. Olhe nos olhos daquele cachorro feroz, ele parece pronto para largar do osso? Não! Mas e você? Está preparado para deixar que o seu parceiro ou parceira tome a decisão final? Na fase do osso é totalmente compreensível que o amor acabe, afinal... Quem é que vai mudar completamente por causa desta baboseira de amar alguém? Todos temos a nossa maneira de viver, todos fomos acostumados com certo patamar de vida... Ou estou errado? Por que largar o osso? Por que deixar alguém entrar na sua vida só para que você tenha que ceder? Roberto resolveu admitir que o time do Flamengo andava melhor e Alice até torceu para o Fluminense em um dos jogos. Alice mudou de autor, assim como Roberto trocou de documentário, Alice engravidou e pintou a sala de azul, enquanto Roberto gostou de saber que vai ter um menino e uma casa no alto de um novo prédio. Acho que quando os dois lados acabam cedendo ninguém sai perdendo, não é? Droga! Tem sempre um casalzinho como a Alice e o Roberto que me fazem duvidar do meu ódio para com este sentimento problemático, o tal "amor". Acho que é por isso que eu não largo a minha profissão, não que eu tenha escolha.
A última fase, e sim se você passar por ela tem muitas chances de você nunca mais me ver, é a "fase da queda". Eu pessoalmente não tenho medo de altura, afinal eu posso voar, mas já se imaginou pendurado no alto de uma montanha? Pronto para voar até o outro lado da corda? Algo arriscado, radical e possivelmente trágico, não é? Fechar o olhos e cair de cabeça em um relacionamento não é muito diferente. Você passou por fases bem tensas, por desafios, contou seus segredos, revelou seu mundo, mostrou de onde você veio e pra onde você deseja ir. E agora? O que é necessário para ser feliz para todo o sempre? A resposta é bem simples: SE JOGAR. Tome cuidado, um passo em falso pode te levar para o fundo de um precipício emocional! Será que isso vale a pena? Estou tomando a decisão correta? Eu realmente amo esta pessoa que me mostrou seus lados negativos? Sua falta de educação ou metideza? Que erra nos presentes ou tem um passado negro? Que fala palavrão ou é esquecida? Eu estou preparado para deixar um pouco de mim para trás, para que assim haja espaço para uma outra pessoa? Essa é uma pergunta que todo mundo deveria se fazer em um relacionamento sério, não só uma vez, mas inúmeras vezes, sabe? Depois de todo esse esforço, estou pronto para ver no que vai dar? Eu confio em mim? Nos meus sentimentos? Meu conselho? Confie. A queda pode não ser tão ruim, além do mais... Aproveite o passeio. Tudo bem, eu tenho asas, então não sei como seria cair de um precipício, além do mais eu gosto, no fundo do meu coração, de ver casais que simplesmente dão certo. Roberto resolveu se jogar, Alice aceitou se casar com ele no restaurante favorito deles. João está para nascer, a cerimônia vai acontecer antes dele vir ao mundo. Alice resolveu se jogar, revelou que estava economizando fazia algum tempo e eles poderiam viajar para o Japão, coisa que Roberto quis fazer durante toda a vida dele.
Roberto amava Alice e Alice amava Roberto. Os dois caíram na cilada do amor, a queda livre mais deliciosa do mundo. No fim, eu só odeio mesmo o amor por que... Bem, é normal um ser mitológico reclamar do seu trabalho. Aliás, muito exaustivo. Mas o mundo não seria nada sem o toque do Cupido, não é? Quando você notar, PIMBA! Uma flechada no seu traseiro. Infelizmente, eu só consigo dar o primeiro passo, o resto é com vocês. Eu vivo me esquecendo o quanto o amor é maravilhoso, mas me façam um favor? Nunca se esqueçam. Quer dizer... Não que vocês tenham escolha, o dia dos namorados está chegando e não olhe para trás... Vou te flechar.
Olhem para aqueles dois, sentados naquele banco de praça esperando o próximo ônibus passar. Ele se chama Roberto e ela Alice, um casal bem bonito se posso dizer. Ele com todo esse ar de inteligente e ela com esses olhos joviais. Perceba que eles estão na primeira fase de toda a relação, a parte que pode ser comparada a sensação de sentir pela primeira vez o perfume de uma bela rosa. Não é animador? Saber que o aroma e a imagem parecem se complementar? Uma rosa tão linda, com um aroma tão lindo... O que poderia dar errado? É assim que a maioria dos relacionamentos começa. Você olha para a moça ou para o rapaz, ela ou ele olha para você, vocês suspiram e um pede o outro em namoro, os dois aceitam. Rosas cheiras bem e rosas são belas.
É até fofo imaginar a quantidade de pessoas ingênuas que realmente acreditam que relacionamentos podem ficar no "amor a primeira vista" para sempre, mas as coisas mudam! E como elas mudam? Não sou nenhum cartomante, mas posso ver nas estrelas que relacionamentos não ficam na primeira fase por muito tempo, logo elas seguem para a fase dois "fase das axilas".
Eca! Esse é você de verdade? Que tipo de pessoa você é? Você já parou para analisar a sua própria axila? Um lugar escuro e sombrio, muitas vezes mal cheiroso, que você nem sempre tem o orgulho de mostrar? Bem, a segunda fase de qualquer relacionamento é comparável a sua axila. Na verdade, a pobre parte do seu corpo é mal interpretada, assim como as suas atitudes. Axilas são gordinhas e não fazem mal a ninguém, mas se você se descuidar... Pimba! Você vira um porcalhão ou uma porcalhona em dois segundos. Muitos dos relacionamentos acabam nessa fase, descobrir que o seu parceiro ou parceira não é um personagem literário perfeito pode destruir qualquer chance de amor duradouro. Olhem para Alice e Roberto, eles sobreviveram a esta fase com louvor. Alice tem a mania bem feia de falar palavrões como vírgulas e Roberto esqueceu de escovar os dentes depois do trabalho. Ele riu dos palavrões e ela limpou o dente da frente dele com um lenço. Tenho que admitir, surpreendente.
Gostaria de perceber que a fase três é uma frase bem engraçada, gosto de chamar de "fase do presente", preparem-se para sentir pena. Alice acabou de dar um livro sobre um casal que se ama, mas tem câncer, para Roberto. Este se empenhou em demonstrar sua gratidão com sorriso amarelo. Não há nada no mundo que Roberto odeie mais do que livros sobre casais impossíveis, porém ele balançou a poeira e arregaçou as suas mangas, certo de que Alice ia amar o seu presente. Alice recebeu de presente uma bela torradeira elétrica, Roberto nunca pareceu tão certo de que este seria o melhor presente. Alice odeia serviços domésticos e principalmente ganhar coisas que são para a casa dela e não para ela. Grande bola fora do Roberto, mas Alice sustentou um sorriso doce e deu-lhe um abraço de agradecimento. Se um casal passa pela fase dos presentes, ele tem grandes chances de passar mais algum tempo juntos. Entenda que dar presentes para alguém é mais do que tentar adivinhar o gosto de uma outra pessoa, mas também tentar imaginar qual será a reação da mesma quando você o entregar. Será que vai amar? Será que vai entender que foi com carinho e com a melhor das intenções? Relacionamentos fúteis geralmente acabam nesta fase, porém Alice estava com sorte, ou Roberto era o sortudo, os dois gargalharam no fim da noite e disseram que deviam trocar de presentes. Alice estava louca para ler o tal livro e Roberto adorava torradas.
Se você está preocupado com o seu relacionamento lendo tudo isso, ou feliz por ter uma relação parecia com a deles, não fique assim... Você ainda não viu nada! A quarta fase, mais conhecida como "fase do primeiro encontro com a família", vai testar todos os seus nervos. É aniversário de alguém da família de Alice, que tem mil tios e cerca de dez mil primos, não literalmente, mas quase isso. Roberto é filho único, daqueles que tem atenção dos pais e pirulitos quando chora, mas a família de Alice é sem frescuras. Perguntas vergonhosas, tios bêbados, primos com quem ela já ficou, tudo esquisito demais para Roberto que comeu churrasco o dia inteiro ouvindo pagode. Alice sabia que conhecer a sua sogra seria difícil, um enorme apartamento no alto de um enorme prédio, tudo sério e cinza demais. Usou o seu vestido florido, levou rosas, colocou sua presilha favorita e sorriu. O assunto do dia foi o camarão que todos comeram, Alice nunca imaginou cozinhar aquelas criaturas com aquele tipo de molho, nem sabia como começar a mexer em seu prato, mas fez piadas sobre frutos do mar e devorou tudo ao som do jornal da televisão. Roberto acabou descobrindo que Alice e um primeiro bem mais bonito do que ele já haviam ficado, o que o fez ficar decepcionado com sua aparência por semanas. A sogra de a Alice a fez sentir burra por não saber nada sobre a Primavera Árabe ou a cotação do dólar, ela se sentiu mal por não ter feito faculdade por um bom tempo. O relacionamento esfriou, mas eles mantiveram tudo bem firme, com o tempo ele a fez sentir inteligente, pois ela sabia tudo sobre futebol e novelas. Ela o fez sentir bonito quando elogiou seus novos óculos e o corte de cabelo, até disse que ele era o homem mais bonito para ela.
Viu? O amor é terrível! Deixa as pessoas completamente "abestalhadas" e "dispostas a mudar", não é um horror? A fase cinco é a bem intensa, muitos casais nem chegam a entender como ela funciona. "Fase do desapego" é o melhor nome para algo deste tipo. Sabe quando você compra aquele computador novo? Cheio de novas possibilidades, botões, memória e tudo de mais incrível que você possa pedir em uma máquina? Esse é o seu relacionamento lá na primeira fase. Agora imagine este mesmo computador, só que dois meses depois. Ele é ótimo, quer dizer, ainda é uma máquina legal. Você está sendo utilizando ele, da mesma forma que utilizava antes, tem ainda enorme apreço pelo cara, por que afinal de contas ele é seu companheiro do dia-a-dia, mas... Você ainda dá a mesma importância que dava quando o comprou? Tipo, você ainda tem cuidado ao comer biscoitos em cima do teclado? Ou lembra de desligá-lo antes de ir dormir? Não? Meu amigo, você está na fase do desapego. No relacionamento não é muito diferente, você conhece aquela garota perfeita, ou aquele cara que todas paqueram, daí você começa a namorar e se acha incrível por isso. Depois de um tempo, aquela conquista ainda é maravilhosa aos seus olhos, mas já é sua, é uma conquista antiga, você não precisa mais adorá-la como a uma deus grego antigo, não é? Errado. Muitos relacionamentos terminam por que as pessoas confundem a falta de "amor a primeira vista" com a falta de "amor". Entendam, só por que Roberto não liga mais trinta vezes por dia para ela, ou Alice aparece menos de surpresa no escritório dele, não quer dizer que o amor esteja acabando, só quer dizer que eles dois estão evoluindo o bastante para adorar a companhia um do outro, sem pressa e sem pressão. Correr atrás de algo que não se tem é tão normal quanto descansar quando alcança o seu objetivo, desde que não se esqueça de que o seu objetivo neste caso é um ser humano e ele ainda precisa do seu afeto esporadicamente. A maioria das pessoas desiste mais ou menos aqui, por não sentir mais o amor vindo em sua direção por todos os lados, estas pessoas sofrem muito.
A "fase do osso" é a sexta e penúltima fase de uma relação. Roberto sabe que o Fluminense é o melhor time do Rio de Janeiro, ele não vai mudar de ideia só por que Alice diz que o Flamengo tem melhores chances de vencer o campeonato. Roberto também sabe que o autor favorito de Alice é horrível no que escreve, mas Alice acha que o jornalista que dirigiu o documentário que ele assiste sempre só fala besteiras. Roberto gosta muito da sala em um tom de azul, enquanto Alice prefere deixar branco. Alice quer ter meninos, Roberto quer ter meninas, Alice quer ser mãe depois dois trinta, Roberto quer ter filhos agora, Alice SIM, Roberto Não, Alice no Alto, Roberto no Baixo. Sabe quando você acidentalmente deixa o seu chinelo favorito cair próximo ao seu cachorro? Então, você quer muito que ele solte aquele chinelo, mas ele quer a mesma coisa de você. Olhe nos olhos daquele cachorro feroz, ele parece pronto para largar do osso? Não! Mas e você? Está preparado para deixar que o seu parceiro ou parceira tome a decisão final? Na fase do osso é totalmente compreensível que o amor acabe, afinal... Quem é que vai mudar completamente por causa desta baboseira de amar alguém? Todos temos a nossa maneira de viver, todos fomos acostumados com certo patamar de vida... Ou estou errado? Por que largar o osso? Por que deixar alguém entrar na sua vida só para que você tenha que ceder? Roberto resolveu admitir que o time do Flamengo andava melhor e Alice até torceu para o Fluminense em um dos jogos. Alice mudou de autor, assim como Roberto trocou de documentário, Alice engravidou e pintou a sala de azul, enquanto Roberto gostou de saber que vai ter um menino e uma casa no alto de um novo prédio. Acho que quando os dois lados acabam cedendo ninguém sai perdendo, não é? Droga! Tem sempre um casalzinho como a Alice e o Roberto que me fazem duvidar do meu ódio para com este sentimento problemático, o tal "amor". Acho que é por isso que eu não largo a minha profissão, não que eu tenha escolha.
A última fase, e sim se você passar por ela tem muitas chances de você nunca mais me ver, é a "fase da queda". Eu pessoalmente não tenho medo de altura, afinal eu posso voar, mas já se imaginou pendurado no alto de uma montanha? Pronto para voar até o outro lado da corda? Algo arriscado, radical e possivelmente trágico, não é? Fechar o olhos e cair de cabeça em um relacionamento não é muito diferente. Você passou por fases bem tensas, por desafios, contou seus segredos, revelou seu mundo, mostrou de onde você veio e pra onde você deseja ir. E agora? O que é necessário para ser feliz para todo o sempre? A resposta é bem simples: SE JOGAR. Tome cuidado, um passo em falso pode te levar para o fundo de um precipício emocional! Será que isso vale a pena? Estou tomando a decisão correta? Eu realmente amo esta pessoa que me mostrou seus lados negativos? Sua falta de educação ou metideza? Que erra nos presentes ou tem um passado negro? Que fala palavrão ou é esquecida? Eu estou preparado para deixar um pouco de mim para trás, para que assim haja espaço para uma outra pessoa? Essa é uma pergunta que todo mundo deveria se fazer em um relacionamento sério, não só uma vez, mas inúmeras vezes, sabe? Depois de todo esse esforço, estou pronto para ver no que vai dar? Eu confio em mim? Nos meus sentimentos? Meu conselho? Confie. A queda pode não ser tão ruim, além do mais... Aproveite o passeio. Tudo bem, eu tenho asas, então não sei como seria cair de um precipício, além do mais eu gosto, no fundo do meu coração, de ver casais que simplesmente dão certo. Roberto resolveu se jogar, Alice aceitou se casar com ele no restaurante favorito deles. João está para nascer, a cerimônia vai acontecer antes dele vir ao mundo. Alice resolveu se jogar, revelou que estava economizando fazia algum tempo e eles poderiam viajar para o Japão, coisa que Roberto quis fazer durante toda a vida dele.
Roberto amava Alice e Alice amava Roberto. Os dois caíram na cilada do amor, a queda livre mais deliciosa do mundo. No fim, eu só odeio mesmo o amor por que... Bem, é normal um ser mitológico reclamar do seu trabalho. Aliás, muito exaustivo. Mas o mundo não seria nada sem o toque do Cupido, não é? Quando você notar, PIMBA! Uma flechada no seu traseiro. Infelizmente, eu só consigo dar o primeiro passo, o resto é com vocês. Eu vivo me esquecendo o quanto o amor é maravilhoso, mas me façam um favor? Nunca se esqueçam. Quer dizer... Não que vocês tenham escolha, o dia dos namorados está chegando e não olhe para trás... Vou te flechar.
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